O prefeito de Viamão, Rafael Bortoletti Dalla Nora (PSDB), reagiu publicamente à condenação de mais de 9 anos de prisão imposta pela Justiça do Rio Grande do Sul. Em um vídeo publicado no Instagram, ele classificou a decisão como “injusta e incabível” e atribuiu o processo a perseguição política. Bortoletti foi condenado por divulgar áudios íntimos de uma mulher durante uma festa em 2019 e por tentar silenciar testemunhas oferecendo cargos públicos.
“Talvez esse seja o vídeo mais difícil que eu já precisei gravar”, iniciou Bortoletti, visivelmente abalado. “Nos últimos dias eu fui surpreendido por uma decisão injusta e incabível da Justiça, que tem uma conexão muito grande com uma decisão que eu tomei no passado.”
O prefeito, no entanto, não entrou em detalhes sobre qual decisão política estaria relacionada ao processo, mas rejeitou qualquer associação com violência contra a mulher. Segundo ele, o caso gira em torno de um “suposto áudio”, que, de acordo com o próprio prefeito, “não é a verdade que estão divulgando”.
A Justiça, por sua vez, foi categórica na sentença, reconhecendo que os áudios foram divulgados com conteúdo sexual explícito, e que a vítima sofreu danos morais duradouros com a exposição pública, inclusive na presença de aliados políticos do prefeito. O magistrado também apontou tentativa de corrupção de testemunhas com promessas de cargos no Estado.
No vídeo, Bortoletti reafirmou sua confiança nas instâncias superiores: “Eu tenho total fé na Justiça e sei que agora, recorrendo para o Tribunal de Justiça, nós vamos reformar essa decisão.”
Apesar da gravidade da condenação e da pena em regime fechado, o prefeito obteve o direito de recorrer em liberdade. Ele afirma que continuará à frente da administração de Viamão, deixando o caso sob responsabilidade de seus advogados. “Minha preocupação continua sendo Viamão. Vou deixar isso com os advogados e seguir trabalhando pela cidade”, concluiu.
A fala de Bortoletti acontece em meio a um cenário de desgaste político para o PSDB no Rio Grande do Sul, que, além da condenação do prefeito de Viamão, sofre com a debandada de lideranças, como a recente saída do governador Eduardo Leite, que migrará oficialmente para o PSD em maio.
O caso gera forte repercussão e reacende o debate sobre ética na vida pública, abuso de poder e a responsabilidade de lideranças diante de acusações graves — especialmente quando envolvem exposição de mulheres e tentativas de obstrução da Justiça.
