A Justiça do Rio Grande do Sul condenou o atual prefeito de Viamão, Rafael Bortoletti Dalla Nora (PSDB), a 9 anos, 1 mês e 22 dias de prisão em regime fechado por divulgar áudios íntimos de uma mulher durante uma festa e por tentar corromper testemunhas do processo. Apesar da gravidade dos crimes, o político teve o direito de recorrer em liberdade. A decisão ainda inclui pagamento de R$ 50 mil por danos morais à vítima e 80 dias-multa.
Segundo o Ministério Público, os crimes ocorreram em 2019, quando Bortoletti, então assessor da prefeitura e já com histórico de relacionamento com a vítima, reproduziu publicamente áudios de cunho sexual enviados a ele durante o namoro. O episódio aconteceu em sua festa de aniversário, com presença de aliados políticos. A motivação, conforme a acusação, teria sido vingança contra o ex-marido da vítima, com quem Bortoletti mantinha desavenças políticas.
O juiz Igor Guerzoni Paolinelli Hamade, responsável pela sentença, considerou o ato como divulgação de cena de sexo sem consentimento e com violência de gênero, destacando que tanto o réu quanto a vítima reconheceram os áudios. A vítima relatou sofrer até hoje com o trauma e o julgamento público: “O dano moral está acontecendo ainda. Eu estou sendo falada, julgada”, desabafou.
Além disso, o prefeito foi condenado por tentar comprar o silêncio de testemunhas, prometendo cargos públicos em troca de versões que negassem os fatos durante a investigação.
A defesa de Bortoletti, por meio do advogado Adler Braum, afirmou que vai recorrer ao Tribunal de Justiça do RS, alegando que o Ministério Público havia inicialmente se posicionado pelo arquivamento das acusações e que a decisão judicial teria desconsiderado os argumentos técnicos. A nota enviada também reforça a confiança do prefeito na Justiça e afirma que ele “mantém a serenidade e reafirma seu compromisso com a população de Viamão”.
O caso levanta preocupações sobre ética na política, respeito à dignidade da mulher e uso do poder público para fins pessoais. A condenação, embora ainda passível de recurso, representa um duro golpe para o PSDB local, já enfraquecido com a saída de lideranças para outras siglas, como o próprio governador Eduardo Leite, que oficializa sua ida ao PSD no próximo mês.
A situação do prefeito condenado também deve influenciar o cenário eleitoral de Viamão, além de repercutir no debate nacional sobre a proteção de vítimas de violência de gênero e a responsabilização de figuras públicas envolvidas em crimes contra a honra e a dignidade da pessoa humana — valores que, à luz dos princípios cristãos e constitucionais, deveriam ser inegociáveis.
